quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um lar que transforma solidão em amizade

José Medeiros de 80 anos é o principal músico da instituição
Envelhecer é um processo que se inicia no momento do nascimento. Todos têmou já tiveram avós, e curiosamente lembram dos momentos inesquecíveispassados ao lado deles.
Momentos em que eles sorriam, ou fixavam olhardócil e sincero, que sempre transmitia mensagens positivas. Ao visitar a instituição Benaiah, é possível ver, ouvir e sentir todo ocarinho e afeto demonstrado por aqueles idosos. E o que há de maisfascinante no comportamento deles, é a maneira como esses idosos podemajudar, seja numa palavra de incentivo ou na troca de afeto. Segundo o poeta brasileiro Zé Santana, ser solidário é ser amigo deverdade, é tratar o outro como irmão e, sempre ajudá-lo. O sorrisoestampado nos rostos (tanto no de quem visita, como no de quem é visitado) pode ser a tradução perfeita da verdadeira solidariedade.
Fundação
O Retiro Evangélico Benaiah foi fundado no dia primeiro de abril de 1962 e está localizado na cidade de Americana. A expressão Benaiah significa “Edificado por Deus”. Neste ano, a instituição completou 47 anos de exemplo, amor e dedicação ao próximo.
O lar dos velhinhos Benaiah possui alguns sócios fundadores que ainda estão em atividade, como Nicolau Felski, Alcides Luchesi, Laerte e Irma Módulo, iniciaram suas atividades quando havia uma senhora abandonada em uma igreja. Então essas pessoas se reuniram e após um período de procura, conseguiram a doação de um terreno amplo (o mesmo local de hoje), tendo a idéia de atender outras pessoas com as mesmas necessidades daquela senhora. A partir disto, iniciou-se o processo da construção de casas e a instituição deixou de ser um sonho.
Estrutura
Hélio de Oliveira Camargo, de 56 anos, é presidente da instituição Benaiah desde 2004, e conta que não decidiu ser presidente de uma hora para a outra, mas que participa da instituição há algum tempo com o apoio da igreja presbiteriana do Brasil.
O lar dos velhinhos dispõe de um espaço inicialmente amplo, mas que com o passar dos anos e com a chegada de novos moradores, foi se reduzindo. Hoje, o lar conta com cerca de 11 casas, um refeitório, uma cozinha, duas salas de escritório e um jardim. A maior dificuldade da instituição é o local. Não há disponibilidade de espaços para realizar as atividades e os internos não possuem as condições de se exporem numa cadeira de rodas, pelo fato do solo estar em extremo declínio.
Uma equipe composta por 17 funcionários capacitados tem o desafio de cuidar e de manter esses idosos em uma vida relativamente confortável todos os dias. Os idosos recebem cinco refeições diárias.
A falta da família
Não é novidade para ninguém que a sociedade de hoje vive em uma correria sem fim. É o trabalho que exige demais, a necessidade de aprimorar o conhecimento para não ficar ultrapassado no mercado e etc. É certo que o idoso precisa de um cuidado todo especial da família, mas para muitas pessoas, a falta de tempo virou sinônimo de abandono aos pais. Ressaltando também que alguns idosos não foram pais exemplares e tão presentes na vida dos seus filhos.
Em entrevista a Psiquê, o Presidente Hélio de Oliveira Camargo disse “O que magoa os idosos é a falta dos familiares, a maior angustia e tristeza deles é essa. Por mais que aqui eles tenham amor e carinho, nada consegue suprir o valor que tem a família. Nós podemos ser as melhores pessoas do mundo para eles, mas nada substitui a família”.
O fator que mais prejudica e sensibiliza o idoso é a ausência de visitas dos familiares e de amigos. Pais declararam que há anos não vêem seus filhos. “Muitos colocam seus pais aqui e esquecem. No dia dos pais, às vezes, é preciso implorar para que venham visitá-los”. As visitas podem acontecer de domingo a domingo, mas, preferivelmente aos finais de semana no período da tarde.
O preconceito
Em pleno século XXI, a sociedade de tempos em tempos muda os seus hábitos, estilos, maneiras de como se comportar diante de uma ou outra situação, mas, há ainda o preconceito contra os idosos, os experientes. “Existem muitas pessoas que acham que o idoso é algo descartável, que produz, produz e produz e quando não pode produzir mais é descartado. A sociedade age assim, mesmo que de forma inconsciente”, “Se não fosse assim não existiria asilo, casas de repouso e abrigos”, “Eu tenho pai e mãe e sinto satisfação de cuidar deles, como forma de reconhecimento por tudo que fizeram por mim”, “o preconceito contra o idoso poderá acabar por questão de conscientização”, diz o presidente da instituição Benaiah, Hélio Camargo.
As histórias dos velhinhos
O Benaiah rendeu frutos matrimoniais para o casal José Medeiros e Margarida Medeiros, ambos de 80 anos. O casal se conheceu na instituição e já estão casados há quatro anos. O casal declara: “ Receber visita nos deixa muito felizes, sendo de pessoas conhecidas ou desconhecidas”.
Apesar do sofrimento de ter um filho seqüestrado aos seis anos de idade e de ter sido rejeitada pela própria família, Dona Margarida, mantém a esperança de viver.
José Medeiros é conhecido no local e até fora dele como “o senhor da gaita”, pois, com um dom impressionante, Medeiros discorre das notas musicais de dó a si por toda sua gaita.
Duvilio Salvador, de 88 anos, foi um dos principais responsáveis pela construção da igreja do cemitério dos americanos em 1956 e diz “Meu filho dificilmente vem me ver, não vem porque acabou o dinheiro, porque quando eu tinha, ele não saía de casa”.
O Benaiah também abriga artistas. Helena Sabina, de 77 anos já foi cantora da TV Cultura em São Paulo. Hoje canta no coral do CIVI (Centro Integrado de Valorização do Idoso) de Americana e realiza várias apresentações em diversificados ambientes. “Cantar é alegria, o Benaiah para mim é uma família”.
Seja acolhedor
Hoje, o lar dos velhinhos Benaiah sobrevive com a ajuda de associados, contribuintes, recursos públicos municipais, estaduais e da contribuição dos próprios moradores (onde aqueles que podem, depositam boa parte de sua aposentadoria).
As doações para auxiliar na manutenção do lar podem ser feitas através de alimentos, materiais, eletrodomésticos, através do programa da nota fiscal paulista, onde realizando compras, é possível transferir os créditos acumulados para a instituição. E através de valores que também podem ser depositados nas agências bancárias.
Haverá, também, a consolidação de um novo projeto. O Benaiah irá construir uma nova sede na própria cidade de Americana, para assim, poder dar assistência a mais vidas que necessitam, além de maior qualidade de vida para os que já residem no local.
“Se a sociedade americanense e região ajudarem, nós teremos recursos suficientes para manter essa obra por muito tempo”, afirma Hélio Camargo.

Mais Informações:
Doe sua nota fiscal ou informe o CNPJ do Benaiah 43.266.758/0001-89.
Doações em dinheiro: Banco do Brasil Ag. 4.659-0 – C/c n. 10.000-5.
Endereço – Rua Joaquim Nabuco, 76, São Domingos, Americana – SP.
Telefone – (19) 3461-8472.
Email: rebenaiah@hotmail.com
Site: http://www.ipamericana.org.br/